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Superbikers Brasil - Em Foco - Christian Cerciari

  • Edição e Imagens - Chris Fabbri | Consultor
  • 22 de jul. de 2016
  • 6 min de leitura

Superbikers - Christian, como a motocicleta entrou na sua vida ? Como tudo começou ?


Christian Cerciari - Bom... Quem entrou na vida do outro já é uma questão complicada. A motocicleta não entrou na minha vida, eu entrei na vida dela.


Meu pai conheceu minha mãe consertando a moto dela, eles se casaram, ele chegou no topo da carreira, foi campeão brasileiro e representante do Brasil no mundial, e nessa viagem eles decidiram ter um filho. Daí nasci eu.


Filho do maior piloto de moto velocidade brasileiro da atualidade naquele momento. (que alguns anos pra frente viria a se tornar o maior de todos os tempos em vitórias e títulos) Dessa forma, na minha infância foram duas coisas muito presentes: corridas e pessoas me perguntando "e você? Vai acelerar também?".

(Christian com 1 ano na moto do pai, que foi campeão Brasileiro aquele ano / Arquivo pessoal)

A primeira coisa era divertida, mas a segunda um tanto cansativa, ainda mais quando você é uma criança e sua mãe responde por você que não, que você vai estudar e nunca vai andar de moto. Na adolescência as perguntas continuavam, mas eu já começava a ter minha própria opinião e minhas vontades.


E já dizia para meus amigos e qualquer um que perguntasse que em breve eu começaria. Essa fala era seguida de um riso dos meus pais, que era o sinal de que mais uma etapa da minha vida passaria apenas dentro dos boxes. Uma verdade em defesa do meu pai é que eu não tinha o menor indício de que poderia seguir essa carreira.


Não só tinha dificuldades em andar de bicicleta, como também muito medo. Talvez isso esteja relacionado com um trauma de infância, onde uma moto caiu do cavalete comigo em cima e eu, bebê, fui parar no hospital.

(Christian no pódio, ainda menino, com o pai Luiz Cerciari comemorando a vitória / Arquivo pessoal do piloto)

Superbikers - Em qual momento voce percebeu a vontade de competir e quais os passos que deu para que isso se realizasse ?


Christian Cerciari - Finalmente com 18 anos as coisas mudaram e eu aproveitei o trabalho que fazia nos cursos de pilotagem para começar. E foi um começo difícil, muito difícil. Aprender a desviar dos cones sem cair era um desafio enorme. E apesar da falta de fé inclusive do meu pai, vários amigos viam a minha determinação e se empolgavam em me ajudar.

(Christian e o pai Luiz Cerciari, juntos em Interlagos)

Superbikers - Quando e como começou a andar pra valer nos autódromos ?


Christian Cerciari - Andava nos cursos com motos emprestadas, equipamentos emprestados, sempre de amigos, pois o incentivo em casa era zero. O acordo com meu pai era que eu podia andar para me divertir, mas jamais pensar em correr. Sim, eu menti, mas era o único jeito.


(Christian com o kart na chuva - Arquivo pessoal do piloto)


Nesse meio tempo, comecei a correr de kart e logo nas primeiras corridas vieram pole positions e vitórias, mas era um esporte mais caro e mais ingrato que o motociclismo. Finalmente provei meu valor andando de motard e meu pai resolveu me dar uma chance, foi aí que comprei minha primeira moto, uma Yamaha R6.


E com ela, em 2013 entrei no Superbike Brasil, como era meu sonho desde o início. A evolução foi meteórica. Quem só não queria chegar em último na primeira etapa, na segunda já estava entre os 10 primeiros e brigando por pódio na Pro AM.





Superbikers - Como voce vê a questão da preparação técnica, física e mental de um piloto de competição ?


Christian Cerciari - Com as competições começando a acontecer, a preparação física começou a pegar e a se tornar um fator crucial. Veio o primeiro acidente em corrida, por pura falta de preparo, força e condicionamento físico. Desde então os treinos são fortes. Hoje eu sei que uma semana sem treinar pelo menos 3 dias não é só uma semana perdida, mas uma regressão.


Na Cerciari Racing School treinamos e ensinamos pilotos de todas as idades. Duas vezes por semana eu treino de mini moto com o Kevin Fontainha de 9 anos e outros alunos no nosso campo de treinamentos na zona sul de São Paulo, enquanto meu pai da aulas para alunos que vão de crianças de 5 anos que querem ser pilotos até adultos que nunca andaram de moto.






Superbikers - Quais seus planos e objetivos no(s) campeonato(s) que atua esse ano ?


Christian Cerciari - Meu objetivo hoje é vencer uma corrida da 600cc Supersport Pro, que é talvez a categoria mais disputada do Brasil hoje. Quero pelo menos disputar no pelotão da frente, e se eu não conseguir, sei que será porque trabalhei pouco.





Superbikers - Christian, voce pertence a uma escola de pilotagem do seu pai, Luiz Cerciari, um grande campeão. Como isso ajudou a sua vida na pista, e qual o nivel de cobrança que vem do pai ? Qual o papel ou papéis que voce desempenha na escola, fala um pouco dela pra nós e da sua vida com ela.

Christian Cerciari - Primeiro eu fico feliz de poder esclarecer algumas coisas que as pessoas pensam e que estão bem longe da verdade. Eu acho que pais apaixonados pelo esporte fazem filhos com grandes oportunidades e chances de serem grandes pilotos.


Mas normalmente esse incentivo parte de pais apaixonados mas que não tiveram sucesso no esporte. É muito raro encontrar grandes campeões filhos de grandes campeões. E tenho sentido isso na pele. Eu posso dizer que tem muito a ver. Meu pai nunca me incentivou, acho que porque esteve sempre muito focado na própria carreira, e eu me tornei piloto meio que por conta própria e depois de velho, porque antes disso não tinha nem chance de ter uma moto.


Pode rir, seria muito cômico se não fosse trágico. Aí entrou a parte boa e a vantagem da escola. Uma vez que eu fiquei maior de idade e comecei a andar com as próprias pernas, a escola me ajudou muito, pois além de ter pista para andar, até de forma meio obrigatória, eu conhecia a técnica perfeitamente pela teoria, apesar de nunca ter subido em uma moto e mal saber andar de bicicleta até então.


Isso facilitou muito meu aprendizado e minha evolução, que veio muito rápido, gerando bons resultados de forma até um pouco precoce e com pouquíssimos acidentes. Com relação à cobrança, é outra coisa engraçada. Eu ouço histórias de pais que cobram os filhos, sendo os pais ex-pilotos experientes até.


E nunca vi isso dar resultado. Só gera acidentes e tudo mais. Essa é mais uma lenda sobre mim. Meu pai nunca me cobrou nada. Muito pelo contrário, sempre pediu pra eu ter mais calma, ir mais devagar. Dentro das contas dele, eu sempre estive à frente do meu tempo. Rápido demais para minha experiência. Acho que com a experiência dele com alunos, ele tem uma certa facilidade pra enxergar esses limites. A única coisa que ele me cobra é que eu não caia.



Meu papel na escola, na maior parte do tempo é administrativo. Até porque a maior parte da minha vida eu não estava andando de moto e sim estudando...(risos). Mas eu sempre auxilio na instrução e no desenvolvimento de técnicas novas de ensino.


Hoje com uma boa experiência no motociclismo e buscando novas experiências pelo mundo, consigo contribuir muito na evolução do curso. No começo eu ajudava... Andava com os alunos mais lentos. Nunca esqueço de uma passagem em que bem no início meu pai teve um acidente sério em um treino, um dia antes de um curso lotado no Rio de Janeiro e teve que ficar internado na UTI. Eu fui lá e assumi o curso... Fiz a aula e tudo mais, mesmo sem saber muito bem o que eu estava fazendo.. (risos). Foi legal isso e o curso foi excelente. No fim deu muito certo. Daí em diante isso foi minha vida.





Superbikers - Algum equipamento que utiliza que gostaria de citar ?


Christian Cerciari - Hoje minha situação é bem diferente de quando comecei, não uso mais equipamentos emprestados, uso os equipamentos personalizados da One-X Custom Suits feitos sob medida pra mim. Mas a ausência de apoio no esporte ainda é muito grande.




Superbikers - Qual o recado que voce dá para o pessoal que acelera forte nas estradas ?


Christian Cerciari - Sobre a galera que acelera nas estradas, eu só posso lamentar. Hoje existem muitos eventos que ajudam as pessoas a andar na pista. Acelerar na estrada é igual brincar de roleta russa, mais cedo ou mais tarde a sua bala vai sair.


Já perdemos amigos demais, não vale a pena.





Superbikers - Alguma observação ou recado final que voce gostaria de deixar para os leitores e amigos ?


Christian Cerciari - Por fim, queria dizer que nosso trabalho de desenvolvimento de pilotos na Cerciari Racing School está cada vez mais forte, principalmente desde que eu voltei da Espanha, onde estive treinando na Lorenzo Competicion e conhecendo os métodos que eles usam e agora estamos aplicando aqui na escola. E deixo o convite a todos os interessados para nos procurarem acessando o nosso site http://www.cerciari.com.br/ e passarmos mais informações.


Abraços a todos e obrigado.

Christian Cerciari

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