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Superbikers Brasil - Em Foco Piloto Antonio Telvio

  • Edição e imagens - Chris Fabbri/CFR Media |
  • 12 de mai. de 2016
  • 8 min de leitura

E dessa vez nossa "vítima" é o Piloto Antonio Telvio, o esforçado gaúcho de Porto Alegre que conheci de forma inusitada dando uma carona da junção até os box de Interlagos anos atrás enquanto ainda andava na 250cc, e que com apenas 7 anos andando de moto e muito pouco tempo competindo, hoje já belisca pódios onde participa, sendo o mais recente na 1a. Etapa deste ano no Superbike Brasil em Interlagos. Fiquem com a simpatia e com um pouco da história desse piloto super gente fina que vem se desenvolvendo rapidamente.

Superbikers Brasil - Como a motocicleta entrou na sua vida ? Como tudo começou ?

Antonio Telvio - Sou nascido em Porto Alegre/RS e aos 23 anos de idade fui morar em Vitória/ES. Aos 41 anos me mudei para o Rio de Janeiro e aqui permaneço. Hoje tenho 46 anos mas até os meus 39 anos nunca havia sequer guiado uma motocicleta. Nenhuma mesmo, nem de 50cc. Na minha empresa em Vitória tivemos que comprar algumas motos 125cc para que os técnicos pudessem atender os nossos clientes com mais agilidade. Um belo dia na garagem do prédio onde fica a matriz da empresa, e junto as motos, o meu sócio me perguntou se eu tinha vontade de aprender a andar de moto. Eu disse que sim e ali mesmo ele já me mostrou onde era a embreagem, freio etc.. Em outro dia levamos uma das motos até um estacionamento abandonado e ali aprendi a andar de moto. Era meados de 2009, e nesse mesmo ano, sem ainda ter a devida habilitação, comprei uma XTZ X 250cc da Yamaha para fazer pequenos percursos em Vitória.


No mesmo ano de 2009 passei na prova de habilitação e adicionei a categoria "A" na minha carteira. Naquele momento jamais imaginaria que simplesmente saber guiar uma moto poderia me levar a competir com elas nas pistas do Brasil.


Hoje já pilotei em quase todos os autódromos do Brasil, e lembrar desse meu primeiro e recente contato com a moto me deixa realmente surpreso: AGB (ES), Jacarepaguá (RS), Interlagos (SP), Curitiba (PR), Goiânia (GO), Campo Grande (MS), Santa Cruz do Sul (RS), Velopark (RS), Londrina (PR), Cascavel (PR), Brasilia (DF) e Megaspace (MG).

Superbikers Brasil - Em qual momento voce percebeu a vontade de competir e quais os passos que deu para que isso se realizasse ?

Antonio Telvio - Em Agosto de 2010, menos de um ano após eu ter me habilitado a guiar motos, comprei uma moto de 750cc, a nacked Z750 da Kawasaki. Motor potente, pneu largo, design agressivo e um som maravilhoso de 4 cilindros.... estava me achando "o piloto". Tive a oportunidade de dar umas 10 voltas na pista no pequeno Autódromo Geraldo Backer (AGB, antigo BKR) na Serra/ES antes de um evento local organizado pelo piloto capixaba Roger Viola da No Limit. Nesse evento de 2010 eu tive a primera conexão de uma moto com a pista.


Um final de semana depois do tal evento fui fazer um passeio de moto pela BR 262 até Pedra Azul com um grupo de pilotos e motociclistas capixabas organizado pela No Limit. Na volta do passeio "encontrei" a traseira de um Corsa após uma curva e esfacelei meu ombro direito e quebrei o fêmur direito. Após 3 dias do acidente, e ainda aguardando no hospital uma prótese para o fêmur, tive embolia pulmonar gordurosa e fui colocado em estado de coma por 4 dias. Durante os mais de 30 dias no hospital, e após estar já fora da UTI, dizia abertamente que iria parar de andar de moto e queimar as motos que tinha. Ledo engano e grande bobagem. Semanas após sair do hospital já tinha mudado de idéia e estava providenciando o conserto da z750.


Em Abril de 2011 me mudei para o Rio de Janeiro por questões profissionais. Fui morar, e ainda moro, no bairro do Recreio dos Bandeirantes, que fica praticamente ao lado do atualmente falecido Autódromo de Jacarepaguá, ou Autódromo Internacional Nelson Piquet. Ainda em 2011, e junto com o meu sócio, o mesmo que me ensinou a andar de moto em 2009 e que já morava no Rio de Janeiro, fui a uma etapa do TNT Superbike. Das arquibancadas, e depois em visita aos boxes, vi de perto, pela primeira vez na minha vida, o ambiente de um autódromo e o clima de uma corrida de motos.


Estimulados pela possibilidade de pilotar nas pistas em um futuro, eu e meu sócio fomos participar de um primeiro curso de pilotagem. O curso foi no Espirito Santo com o piloto Roger Viola e novamente no autódromo AGB. Levamos as motos no reboque e participei do meu primeiro curso de pilotagem. Foram ensinamentos básicos, mas fundamentais para o inicio da caminhada.


Já de volta ao Rio de Janeiro, participei junto dos pilotos capixabas da No Limit de um treino livre que antecedia uma etapa do campeonato da Sulmerj em Jacarepagua. Tive que "pelar" a z750 e colocar um numeral com fita adesiva, mas foram somente um ou dois treinos livres, não me lembro exatamente.


A partir desse momento, e logo em seguida a um bike day promovido pelo Cerciari em Jacarepagua, decidi que iria seguir esse esporte e iria acelerar pra valer nas pistas.


Superbikers Brasil - Quando e como começou a andar pra valer nos autódromos ?

Antonio Telvio - Junto com o meu sócio, compramos 2 Kawasaki Ninja 250cc, a famosa Ninjinha. Estávamos certos que precisaríamos começar com uma cilindrada menor por vários motivos relacionados a aprendizagem e segurança, além do menor custo.


Minha primeira corrida foi no final de 2011, creio que em novembro. A corrida foi uma etapa da Sulmerj na categoria 250cc e com pista molhada. Para aumentar a minha empolgação teve até mesmo entrevista minha para o programa Curva do S.


Em 2012 participei de todas as etapas do campeonato capixaba na categoria 250cc. Infelizmente nessa época já haviam "assassinado" o autódromo de jacarepaguá. Em 2013 participei também das etapas do campeonato capixaba e sete das oito etapas do campeonato Moto1000gp, também na categoria 250cc. Creio que desse ponto em diante já posso considerar consolidada a minha decisão e condição de participar de campeonatos de motovelocidade.

Superbikers Brasil - Como voce vê a questão da preparação técnica, física e mental de um piloto de competição ?

Antonio Telvio - Participar de cursos de pilotagem é primordial e, além disso, é preciso fazer reciclagem sempre. Eu confesso que me faltam recursos financeiros e tempo para fazer novos cursos e refazer os poucos que fiz.


Treinar com regularidade também é fundamental e isso me falta muito. No Rio não temos autódromos e contamos apenas com um kartodromo a mais de 100 km da capital onde, vez em quando, uso uma twister preparada para treinar. Só para ter uma idéia do pouco treino que tenho, esse ano só consegui ir lá uma única vez, e já estamos em Maio! Pretendo ir uma outra vez antes da segunda etapa do SBK, mesmo sabendo que o ideal é treinar com a própria moto de corrida e em um autódromo real. É duro não ter onde e como treinar, e é injusto ter que participar de competições com pilotos que possuem condições para treinos regulares.


Além do treino com a moto, a preparação física é peça chave para o bom desempenho na pista e até mesmo para aumentar a segurança do piloto. Pilotar uma moto na pista exige preparação física específica. Parei de fumar o pouco que fumava e comprei uma esteira para correr, mas isso não foi suficiente e sofria muito na 250cc, por isso em meados de 2014 iniciei um trabalho físico funcional, direcionado por um profissional de educação física. Desde então tenho buscado manter esse trabalho, apesar de não ter tanta regularidade como deveria ter. Força muscular, equilíbrio e resistência devem ser combinados em atividades para que o piloto possa ter bom desempenho em cima da moto.


Importante: Quanto mais cansado o piloto fica em cima da moto, mais chance aos erros e acidentes, além do menor desempenho competitivo.


As condições mentais de um piloto são mais relevantes durante os treinos e principamente no dia da prova. Eu sempre tento me concentrar antes dos treinos qualificatórios e da prova em si. Musica é vibração, e vibração é energia, portanto busco ouvir uma música que me projete para a pista em pensamentos e me faça viver momentos de vitória e superação. Isso me ajuda, então eu faço. No meu entendimento, o piloto é 50% físico e 50% mente. Tem que estar determinado para pilotar uma superbike em seu limite.

Superbikers Brasil - ​Quais seus planos e objetivos no(s) campeonato(s) que atua esse ano ?

Antonio Telvio - Meus planos são óbvios, continuar a evoluir como piloto e participar das próximas etapas do Superbike Brasil com o máximo de aproveitamento possível e sem cair. Cair da moto pode representar prejuízos não só nas condições físicas, mas também inviabilizar a continuidade do campeonato em virtude do prejuízo financeiro. Em 2015 caí na quinta etapa em Santa Cruz do Sul quebrando meus dois braços. Essa queda nos gerou grande prejuízo no conserto da moto e me tirou da sexta etapa em Goiânia. Portanto, sempre considero como objetivo não só participar das etapas com boas qualificações, mas participar sem quedas.


Financeiramente esse ano está bem difícil de se manter no campeonato e, portanto, um dos objetivos é vender a segunda moto 600cc da nossa equipe do ano passado para poder bancar as próximas etapas.

Superbikers Brasil - ​Qual o recado que voce dá para o pessoal que acelera forte nas estradas ?

Antonio Telvio - Recado curto e direto: saiam dessa! Além de extremamente perigoso para quem pilota a moto, também colocamos em risco a vida dos outros. Acelerar nas estradas tem pouco a ver com pilotagem de competição, portanto não ache que se você acelera forte na estrada irá "dar pau" nos pilotos de pista. Ledo engano! Só na pista que você entende como reage a moto e como se deve pilotar para tirar o máximo dela. Ou seja, além de não infringir Leis e não colocar você e os outros em perigo, é na pista que você realmente aprende a pilotar uma moto.

Superbikers Brasil - ​Quais seus equipamentos atuais (motocicleta, proteção, etc.) / marcas que gostaria de citar aconselhamentos aos pilotos ?

Antonio Telvio - Esse ano estou pilotando uma Kawasaki Zx10 R. São 1000 cc e 200 cavalos de força, mas já passei anos pilotando 250cc e 600cc. Recomendo muito uma escalada de cilindrada antes de se aventurar com um foguete de mil cilidradas.


Estou usando macacão da One-X Custom Suits personalizado e com a divulgação da minha empresa (TronSoft), mas antes desse usei sempre da marca Daianese. Uso botas Daianese e o capacete tri-composto da marca Nexx, alias já tive quatro capacetes dessa marca e a recomendo. Na recente queda do ano passado bati forte com a cabeça no asfalto e ele me protegeu super bem.

Superbikers Brasil - ​Antonio, algum comentário final ou recado para a galera ?

Antonio Telvio - Aproveito aqui então para divulgar quem me patrocina, a TronSoft. A TronSoft é especializada em software para automação de bares, restaurantes e casa noturnas. Fazendo 20 anos de existência agora em Outubro de 2016, a TronSoft tem unidades em Vitória, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasilia e Salvador e atende outras regiões do Brasil com revendas credenciadas. Acesse www.tronsoft.com.br e conheça os nossos produtos e serviços.


Finalizo com um apelo aos governantes e a iniciativa privada relacionada para darem mais espaço e principalmente condições ao esporte a motor. O brasileiro adora carros e motos e tem amor ao esporte a motor, o que faltam são pistas e eventos, nessa ordem. É uma vergonha, por exemplo, o Rio de Janeiro não ter uma pista sequer. É uma vergonha o que fizeram com o Autodromo de Jacarepagua, foi um tapa na cara de todos os amantes do esporte a motor e pouco se fez para resolver essa questão.

Abraços a todos,

Antonio Telvio Oliveira Junior

Piloto Superbike Brasil

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